Joesley Batista, um dos coproprietários da JBS, uma das maiores empresas de processamento de carne do Brasil, está se esforçando para reduzir as tensões políticas entre o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, e o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela. Recentemente, Batista viajou a Caracas com o objetivo de convencer Maduro a atender ao pedido de Trump para que ele renuncie ao cargo e possibilite uma transição pacífica de poder.
A visita de Batista, que ocorreu no dia 23 de novembro, foi realizada poucos dias após uma conversa telefônica entre Trump e Maduro, na qual o presidente dos EUA instou o venezuelano a deixar o poder. Fontes que preferiram não se identificar confirmaram que o governo Trump estava ciente da viagem de Batista, mas ele agiu por conta própria e não foi enviado oficialmente pelos Estados Unidos. A J&F SA, holding da família Batista, declarou que Joesley Batista não representa nenhum governo e não fez mais comentários sobre o assunto. A Casa Branca e o governo da Venezuela também não se pronunciaram.
A viagem de Batista ocorre em um momento crítico, onde as tensões entre os EUA e a Venezuela aumentaram. Trump havia ameaçado ações militares após uma série de ataques a barcos suspeitos de tráfico de drogas, que resultaram em mais de 80 mortes. Desde 2013, Maduro governa a Venezuela com um regime cada vez mais repressivo e enfrenta sanções econômicas, especialmente em relação ao petróleo, impostas por Trump em 2019. Os Estados Unidos consideram o governo de Maduro ilegítimo, acusando-o de fraudes eleitorais e envolvimento no tráfico de drogas.
Os esforços de Batista para facilitar o diálogo entre as partes se juntam a outras tentativas de negociação, que incluem iniciativas de diplomatas e investidores com interesses na Venezuela. As propostas apresentadas variam, mas todas têm o objetivo de evitar uma escalada do conflito. O secretário de Estado, Marco Rubio, expressou ceticismo quanto à possibilidade de um acordo com Maduro, dado que o líder venezuelano não cumpriu compromissos anteriores, mas ainda assim acredita que vale a pena tentar.
Batista é considerado uma figura única para atuar como mediador, pois mantém boas relações tanto com o governo Trump quanto com Maduro. A JBS, sob sua liderança, é uma grande produtora de carne e tem uma relação histórica com a Venezuela, incluindo um acordo de 2,1 bilhões de dólares para fornecer alimentos ao país durante uma crise de escassez.
Os laços da família Batista com o poder venezuelano são antigos. A JBS já negociou com o governo de Maduro para fornecer carne e frango em um momento crítico para a Venezuela, que enfrentava hiperinflação e escassez de produtos. A empresa também tem interesses no setor de petróleo na Argentina e já considerou investir na Venezuela, em projetos que envolviam ativos confiscados durante a onda de nacionalizações em 2007.
A trajetória de Joesley Batista é marcada por um crescimento significativo, que transformou a JBS no maior produtor de carne do mundo, apoiada por investimentos do BNDES, o banco de fomento brasileiro. No entanto, sua história também é repleta de controvérsias, incluindo um escândalo de corrupção que abalou a política brasileira, quando ele admitiu ter subornado políticos em troca de financiamento e revelou gravações de reuniões com autoridades.
A postura do governo Trump em relação à Venezuela se manteve agressiva, e, após a visita de Batista, o Cartel de los Soles, acusado de narcotráfico e ligado a Maduro, foi designado como uma organização terrorista estrangeira, aumentando ainda mais a pressão sobre o regime venezuelano.