As ações da Ambipar enfrentaram uma forte queda de 66,2% nesta quinta-feira, 2 de outubro, atingindo R$ 2,41. Essa desvalorização alarmante ocorreu em um momento de crise de confiança no mercado, resultando em uma perda de 80% no valor das ações ao longo do ano, o que fez o valor de mercado da empresa despencar para R$ 4 bilhões.
O cenário preocupante começou a se desenhar após a diretoria da Ambipar solicitar uma tutela cautelar à Justiça do Rio de Janeiro, alertando sobre o risco de um rombo financeiro que poderia chegar a quase R$ 11 bilhões. Essa medida inesperada levantou dúvidas entre analistas e investidores, especialmente porque, no segundo trimestre, a empresa havia declarado possuir R$ 4,7 bilhões em caixa e aplicações financeiras, sendo mais de R$ 2 bilhões disponíveis imediatamente. Esse montante era considerado suficiente para cobrir garantias adicionais exigidas pelo Deutsche Bank, relacionadas a um empréstimo de US$ 35 milhões.
No entanto, a situação se complicou quando surgiram informações sobre um FIDC, que representava quase metade do valor declarado como caixa da Ambipar. Esse fundo havia registrado perdas de rentabilidade e movimentações suspeitas antes do pedido de proteção judicial. O fundo envolve empresas ligadas à família controladora, incluindo Guilherme Borlenghi, filho do controlador Tércio Borlenghi, e a diretora-adjunta Luciana Nascimento. Adicionalmente, relatos indicaram que o caixa real da empresa poderia ser de apenas US$ 80 milhões, o que intensificou a crise de confiança entre os investidores.
Gestores de mercado comentaram sobre a falta de transparência e a possibilidade de manipulação das ações, que haviam subido 900% no ano anterior. Um gestor que optou por vender suas ações da Ambipar destacou que, ao se reunir com a diretoria da empresa, percebeu a falta de governança e decidiu se retirar do investimento. Ele havia vendido suas ações por um preço médio de R$ 6, antes do boom que elevou os preços das ações no passado.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também analisou a situação e apontou que a alta das ações foi impulsionada por compras em massa, envolvendo Tércio Borlenghi, Nelson Tanure e o Banco Master. Embora tenha havido discussões sobre uma possível oferta pública de aquisição (OPA), a autarquia decidiu que isso não era necessário.
A Ambipar não se pronunciou sobre a situação, e o empresário Nelson Tanure optou por não comentar. O Banco Master não respondeu a solicitações de posicionamento até o momento. A situação da Ambipar continua a gerar preocupação entre investidores e analistas, que acompanham atentamente os desdobramentos financeiros da empresa.
































